Contracepção e câncer de mama

O uso de medicação hormonal é contraindicado para mulheres que possuem histórico de câncer de mama. Isto inclui a pílula anticoncepcional (e a modinha da testosterona também 🙄). ⁣ ⁣ Os tumores de mama são em sua maioria totalmente sensíveis aos hormônios femininos em especial, então, qualquer método que os possua pode ser um estímulo para o crescimento do tumor.⁣ ⁣ A alternativa, nestes casos para a contracepção é o uso do DIU não hormonal, o preservativo, ou os métodos definitivos, em pacientes que já tem a prole constituída, como a laqueadura ou a vasectomia.⁣ ⁣ É importante que a decisão do melhor método contraceptivo seja tomada com orientação médica, e compartilhada com seu parceiro.⁣

Verdades sobre os Anticoncepcionais

Ah, os anticoncepcionais, certamente dos maiores causadores de polêmica da ginecologia, talvez da medicina. Então vamos trazer algumas VERDADES sobre as pílulas anticoncepcionais:⁣ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⁣ 📍 Emendar cartelas não faz mal, não acumula a menstruação não. A menstruação ocorre pela descamação da porção interna do útero, o endométrio, pela privação hormonal de alguns dias do ciclo. Então não tem nada produzido que fique acumulado.⁣ ⁣ 📍 Emendar cartelas não ajuda a preservar os óvulos, nem piora a função do ovário também, pensando na menopausa. A reserva ovariana, a quantidade de óvulos da mulher e o funcionamento do ovário depende de questões genéticas e da idade da mulher. Ou seja, conforme envelhecemos, os ovários também!⁣ ⁣ 📍A pílula pode ser um fator protetor para alguns tipos de câncer, como colorretal, endométrio e ovário. Quanto ao câncer de mama, pergunta muito comum, o que temos de evidência é que se houver aumento de risco é o mesmo de outros fatores, como obesidade e sedentarismo. ⁣ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⁣ 📍Não são todas as pílulas que aumentam o risco de trombose, apenas as combinadas (aquelas que contém estrogênio + progesterona juntos). Importante lembrar que outros fatores te trazem este risco tanto quanto a pílula: fumar, o sobrepeso e até mesmo a gestação.⁣ ⁣ 📍Algumas mulheres costumam suspender o uso da sua pílula por alguns meses, para “limpar o organismo dos hormônios”. Além de desnecessário, existem alguns riscos: gravidez não planejada, maior risco de tromboses nesse período, maior chance de escapes (sangramentos irregulares) no retorno do uso.⁣ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⁣ Acredito que as pílulas anticoncepcionais continuam sendo um bom método contraceptivo, mas é importante procurar um ginecologista que te ajude a conhecer todos os métodos contraceptivos disponíveis e te explique quais os prováveis efeitos colaterais e adversos, riscos e benefícios, taxas de falha de cada um e escolha junto com você o método que mais se adapta a suas vontades e seu estilo de vida.⁣

O câncer e a pandemia

Grande desafio e preocupação a nós todos da área da Oncologia é como manter de forma adequada o tratamento oncológico e o acesso em tempos de pandemia. Tem sido grande desafio também aos pacientes já com câncer e aqueles que estão em busca de diagnóstico. Desde o início da pandemia, segundo estimativas das Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica, mais de 50 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer. Nos EUA, as estimativas chegavam a quase 100 mil pessoas. Houve queda de atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS) de até 75% nos meses de março e abril, em comparação ao mesmo período em 2019. O cancelamento foi não só de consultas, mas de procedimentos que não eram considerados urgentes e mesmo a recusa de pacientes em realizar procedimentos ou tratamentos, por medo do coronavirus. ⠀ Porém, quando se fala de câncer, tempo é algo extremamente importante e pode fazer a diferença nas chances de cura e controle da doença. Mesmo exames de rastreamento, como a mamografia, ou o papanicolau, que foram adiados num primeiro momento, pela demora na duração da pandemia, não podem mais ser deixados pra lá. A não realização dos exames de rotina da mulher nos coloca no dilema e no receio de quantos diagnósticos estariam ficando pra trás e quantos virão em estágio mais avançado. Além da possibilidade de maior demanda e procura em especial no sistema público, no pós pandemia, desses 50 mil casos estimados que não houve diagnóstico. É necessário e urgente que os serviços de saúde estejam adaptados e preparados para atendimento durante a pandemia, para que sejam retomados os atendimentos e diagnósticos suspensos. Além disso, para conferir segurança as pacientes para procurarem o serviço de saúde. Em resumo: não deixe seu tratamento se você tem diagnóstico de câncer. Se você encontrou alguma alteração, procure ajuda agora. E se não realizou seus exames de rotina este ano ainda pela pandemia, já é hora de colocá-los em dia.

Nova forma de anticoncepção

Temos mais uma novidade na anticoncepção. Aprovado pelo FDA nos Estados Unidos, o Phexxi tem com previsão de chegada ao mercado norte americano em setembro deste ano, ainda sem previsão para o Brasil.⁣ ⁣ Em forma de gel e livre de hormônios, a base de ácido lático, ácido cítrico e bitartarato de potássio. Deve ser aplicado como um creme vaginal até 1 hora antes da relação sexual. E não tem se utilizado após!⁣ ⁣ Ele funciona alterando o pH vaginal e a movimentação dos espermatozóides, aumentando a acidez da vagina durante o momento da ejaculação e dificultando a sobrevivência dos espermatozóides. A efetividade foi semelhante à dos preservativos SEM proteger contra doenças sexualmente transmissíveis, então continua sendo importante usar em associação.⁣ ⁣ Apesar de ser sem hormônios, ainda não está recomendado para mulheres que estão amamentando.⁣ ⁣ Algumas coisas sobre ele, importantes de falar, ao meu ver:⁣ 📍Como aumenta o pH vaginal, pode desequilibrar nossa flora natural e aumentar a chance de algumas infecções, como candidíase, por exemplo. No estudo são relatados efeitos colaterais como ardência, coceira e corrimento. Vamos atentar para isso.⁣ 📍As taxas de gravidez são altas (1 em 7 mulheres) quando comparado com outro método não hormonal, como o DIU de cobre ou prata. Tem efetividade similar ao preservativo (em torno de 86%).⁣ 📍Custo elevado, e não sabemos como será no Brasil. Estima-se que uma caixa com 12 aplicadores custará 250 dólares. Ou seja, 20 dólares por relação sexual (mais de 100 reais 💸)⁣ ⁣ Ainda precisamos de mais estudos e tempo de uso para ter uma opinião mais precisa. Além de ainda ser um método caro, especialmente na realidade brasileira, e de curta duração, onde nossa tendência como mulheres no Brasil é preferir a segurança dos métodos de longa duração. E aí, gostaram?⁣ ⁣

Cuidados para os pacientes com câncer no inverno

Ah, o inverno ❄️ ! Eu adoro! Mas não sou maioria, entendo perfeitamente 🤣🤭. Nos dias com temperaturas mais frias, os pacientes com câncer precisam ter mais cuidados devido a combinação do inverno, com o ar mais frio e seco, que pode contribuir para a surgimento de problemas respiratórios e queda da imunidade (tem um vídeo massa da @nutricionista.angelica sobre nutrição e imunidade no YouTube da Maple!). ⁣ ⁣ Algumas dicas bem importantes: ⁣ 📍Evite ambientes fechados e aglomerações ⁣ 📍Alimente-se bem, e apesar com o inverno, hidrate-se!⁣ 📍Além do inverno, estamos em pandemia, então atenção para a lavagem das mãos, uso de máscaras e álcool gel⁣ ⁣ Pacientes em tratamento oncológico podem se queixar de sensações de formigamento ou de choque, principalmente nas mãos e nos pés, mais que as queixas habituais de neuropatia (vejam sobre isso no IGTV da Maple!). ⁣ ⁣ Durante o inverno a sensibilidade é ainda maior. Além da prática de atividade física, essencial para amenizar a queixa da neuropatia, algumas sugestões:⁣ ⁣ 📍Mantenha-se agasalhado e em especial nas extremidades, com luvas, gorros, meias e toucas. Dê preferência pra tecidos grossos e lãs. ⁣ 📍Consuma bebidas quentes, pra ajudar a manter a temperatura corporal. Quem não gosta de um chazinho?⁣ ⁣

Cuidados com a saúde íntima no inverno

Os cuidados e atenção com a saúde da região íntima não podem ser deixados de lado, mesmo no inverno.⁣ ⁣ Então preste atenção a algumas dicas que podem fazer a diferença nestes cuidados no inverno:⁣ ⁣ 📍Os cuidados de higiene ajudam a diminuir os riscos de bactérias e fungos. Ao higienizar, dê preferência aos sabonetes neutros ou de glicerina.⁣ 📍Com o clima mais frio, nossa tendência é diminuir a hidratação ao longo do dia. Entretanto, a gente precisa se manter bem hidratada pra garantir o bom funcionamento do nosso organismo como um todo, além de prevenir infeções urinária e outras infecções.⁣ 📍Prefira calcinhas de algodão, que permitem maior respiração a região íntima. ⁣ 📍O clima frio, no entanto pede o uso mais frequente de roupas mais quentinhas e que podem ser mais justas. O ideal seria evitar o uso de roupas muito apertadas, porque isso pode aumentar a transpiração íntima, deixando a região mais abafada e suscetível as bactérias e fungos. Prefira tecidos mais leves e que permitam boa circulação.⁣ 📍Para dormir também prefira pijamas mais larguinhos e de tecidos com uma boa circulação de ar.⁣

Como anda o seu ciclo menstrual?

Como anda o seu ciclo menstrual? A mínima mudança e irregularidade, além de preocupar, pode significar que alguma coisa não está certa na sua saúde. Habitualmente, o nosso ciclo menstrual é de 28 dias, mas podemos considerar normal qualquer duração entre 21 e 35 dias. Períodos maiores ou menores que isso precisam ser melhor investigados. Durante o ciclo menstrual, o nosso corpo fisiologicamente prepara-se para uma possível gravidez. A regularidade ou a irregularidade são bons indicadores de como anda o nosso corpo. Cada mulher, em sua individualidade, pode ter seu ciclo diferenciado, e em geral a gente se conhece, não é mesmo? Diversos fatores podem ser responsáveis pelo atraso ou irregularidade menstrual. Além da gravidez, claro. O estresse e a ansiedade podem fazer com que a mulher não ovule em determinado mês, alterando o ciclo. Infecções e viroses, e também medicamentos para tratamento destas condições podem alterar. Ganho ou perda de peso muito rápida podem desregular a menstruação, em especial pela influência dos níveis de estrogênio na ovulação. Os distúrbios de tireóide e da prolactina estão entre os transtornos hormonais mais comumente relacionados a alteração menstrual. A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) altera o ciclo menstrual pelo excesso de produção de androgênios. E a menopausa, geralmente ocorrendo entre 45 e 55 anos, com a falência ovariano. Ao indício de um ciclo irregular, procure um@ ginecologist@, converse e faça exames. Compartilhe com uma amiga pra que ela também fique atenta ao seu ciclo menstrual! No próximo post sobre Ginecologia, falaremos um pouco sobre a TPM e de algumas dicas pra controlar os sintomas mais desconfortáveis. Até o próximo!  

Voluntariado – uma história de amor

Ser voluntário não é coisa nova pra mim. Na verdade, nem sei desde quando eu estou sempre envolvida com alguma coisa pra ajudar o próximo na vida. Na minha família sempre foi assim. Mesmo que não fossem ações organizadas, ou instituições propriamente ditas, seu Olimpio, meu avô, tinha um instinto de ajudar o próximo que vocês nem imaginam. Precisava dele, tava ele lá. E isso não é ser voluntário pra alguma coisa ou por alguém? Cresci vendo minha mãe entrar em conselho de pais em colégio, fazer festa pra arrecadar fundos pra determinadas coisas, ajudando em ações diversas na empresa em que trabalhava, até organizar os happy-hours dos funcionários temáticos eu me lembro. Isso tudo era voluntariamente. Quando minha mãe descobriu o câncer, não haviam tantas entidades (ou pelo menos a gente não sabia de tantas) disseminadas por aí. Me lembro bem da ABOS em Sorocaba que na época já era bem atuante, e continua. Aprendemos nessa época a colaborar com doações para a ABOS, e fazemos isso até hoje. Talvez por tudo que vi, de exemplos de solidariedade na minha família, talvez por tudo que vivi com essas pessoas, é que nunca "consegui" (ainda bem!) me desligar do voluntariado na vida. Estudei num colégio católico quase a vida toda, e sempre tinham ações de doação, eventos solidários, e eu tava lá. Na faculdade, aquelas coisas de ir ao asilo com o professor de clínica médica, sabe, que todo mundo reclama, eu adorava. Durante a residência, as coisas são mais difíceis de serem feitas por falta de tempo, mas eu acredito hoje, olhando pra trás que a própria residência médica como foi a minha é uma doação imensa. Quem fez residência como eu fiz, ou fez comigo sabe do que eu estou falando. Hospital público, periferia da cidade, hora pra entrar sem hora pra sair. Entrega, estudo, lágrimas, satisfação imensa em fazer o que se ama. 5 anos assim. Depois disso, muito vocês já sabem. Fui voluntária por alguns anos na Liga Sorocabana de Combate ao Câncer, que existe em Sorocaba há mais de 40 anos. Há quase 4 anos, começou um projeto chamado Pense Pink. Na verdade, a Pense Pink representaria uma forma de educação em saúde para pacientes oncológicos e familiares, e pra todo mundo que deseje um conteúdo confiável na Oncologia. Mas o voluntariado nos chamou. Hoje a Pense Pink é uma Associação, faz parte do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer e além da informação e do conteúdo on-line, temos os nossos seminários, lives e tudo isso que vocês vêem por aí, e eu, e meus amigos Gabriela Filgueiras Sales e Max Strasser aprontamos. A Pense Pink também é a responsável por coordenar ações de doação para a Maple Tree Cancer Alliance Brasil . Ah, a Maple! História pra um post sozinho!!! No site da Maple tem um post no blog contando um pouquinho como tudo começou, e qualquer dia conto por aqui... mas é mais uma doação na minha vida. Um propósito de vida de todo nosso time envolvido. Mudar vidas através da atividade física e da qualidade de vida, depois do diagnóstico do câncer. Um propósito, um desafio imenso, uma responsabilidade gigante. E ainda tem nossos queridos Amigos Solidários, não é mesmo? Um bando de doidos amigos corredores ou não que se juntam pra fazer ações, arrecadações e tudo mais que alguém ou algum grupo precisar. Precisando, estamos correndo atrás!!! Se vocês recorrerem ao dicionário, irão encontrar na definição de voluntário "aquele que se compromete com um trabalho, ou assume a responsabilidade de uma tarefa, sem ter a obrigação de o fazer; indivíduo que se alista espontaneamente num exército, ou que se encarrega de uma incumbência a qual não estava obrigado". Resumindo, ser voluntário é fazer aquilo que você nem tem obrigação de fazer, mas faz com o coração, por amor ao próximo, a vida, ao ser humano, a uma causa que você escolhe e nem sabe muito bem o porquê. Mas, as vezes, um dia, descobre. Ser voluntário é agir sem olhar a quem, sem pensar em você, nem se aquilo vai trazer algo pra você, é só se entregar de corpo, alma e coração ao seu semelhante. É sim uma grande história de amor, que sempre vai trazer finais felizes a quem se dedica de verdade.  

Tive câncer. Meu filho também terá?

Muita calma nessa hora! Com relação as questões familiares e o câncer são duas as principais perguntas que a gente ouve no consultório: "Tive câncer, minha filha ou meu filho também vai ter?". E "ah, doutora, eu não tenho histórico de câncer na minha família, não preciso me preocupar, não é mesmo?". Nem uma coisa, nem outra!! Pra surpresa de boa parte das pessoas, apenas 5 a 10% dos casos de tumores têm alguma relação com a nossa genética, ou seja, podem ser passados dos pais para os filhos. Portanto, 90 a 95% das pessoas que desenvolvem algum câncer não tem relação nenhuma com a genética. Mas quem tem alguma alteração genética pode ter o risco aumentado de desenvolver um câncer de mama em até 80 a 85% ao longo da vida, dependendo da mutação e da idade. Peraí que eu vou explicar melhor. Lembram da Angelina Jolie? Ela fez um estudo alguns anos atrás que dizia que ela tinha uma alteração genética. Uma alteração no DNA dela, nos cromossomos, num gene chamado BRCA1, que aumentava o risco em desenvolver câncer de mama (e de ovário também). É isso que estou me referindo. Vocês podem estar se perguntando como fazer pra saber se têm essa alteração. Primeiro, que não são exames indicados pra todo mundo. Em geral, pessoas com histórico familiar muito significativo de câncer (como a Angelina!), pacientes que desenvolveram câncer em idade muito jovem, homens com câncer de mama por exemplo, e uma avaliação com o médico geneticista pode ser bem importante pra saber se você precisa fazer algum teste e qual fazer. Bem, se a maioria dos casos de câncer de mama não ocorre por influência do histórico familiar, pra onde devemos voltar as nossas preocupações? Existe uma pequena lista pra gente falar. Quando pensamos em fatores de risco do câncer de mama, é importante dividir em dois grupos: os não modificáveis e os modificáveis. Os não modificáveis, o próprio nome já diz, não podemos fazer nada pra alterar: o fato de sermos mulheres, a idade, nosso histórico familiar, a densidade do tecido mamário, idade da primeira menstruação e da menopausa. Já os fatores modificáveis, é aí que está a grande diferença, e onde podemos realmente agir. Eles são relacionados ao estilo de vida: consumo de álcool, obesidade (principalmente após a menopausa), sedentarismo, uso de reposição hormonal pós-menopausa, alimentação inadequada... E a gente sabe muito bem que a somatória desses fatores é o que colabora para que o câncer se desenvolva, não é mesmo? Cada vez mais as pesquisas trazem pra gente que o câncer pode ser prevenido, com as mudanças de estilo de vida. Mudanças que não vão só controlar sua pressão, seu colesterol, seu peso, sua glicemia. Também vão diminuir o risco de câncer em cerca de 30% e isso é muito! Adotar um estilo de vida saudável pode sim, realmente, salvar a sua vida. E respondendo as duas perguntas lá do começo do texto: "Tive câncer, minha filha ou meu filho também vai ter?". Não necessariamente. Do ponto de vista genético, 5 a 10% dos cânceres de mama estão neste risco. Cuide dos hábitos de vida del@ desde pequenininh@. E "ah, doutora, eu não tenho histórico de câncer na minha família, não preciso me preocupar, não é mesmo?". Precisa. Precisa se preocupar com um monte de coisas. Em fazer sua rotina de exames todos os anos. Em cuidar de seus hábitos alimentares, de exercício, de saúde física, mental e espiritual. Cuide de você.

Dia Nacional de Combate ao Câncer de Mama – o que podemos melhorar?

Dia 29 de Abril é o dia Nacional de Combate ao Câncer de Mama, uma data pouco conhecida e pouco comentada, até mesmo na mídia. Afinal, já são tantas outras datas em menção ao combate ao câncer, e temos um mês todo pra falar do câncer de mama, o Outubro Rosa... e será que é o suficiente? Eu particulamente acredito que nunca será demais falar sobre o combate ao câncer de mama, e em especial, sobre a prevenção do câncer de mama. Afinal, é o câncer mais frequente entre as mulheres, e o que mais causa morte entre as mulheres no Brasil. Nossa estimativa, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), para 2020, é de quase 66 mil casos novos, com 16 mil óbitos pela doença. Um absurdo, né? A data foi instituída a partir de 2008, com a Lei 11.664/2008, que determina, entre outras coisas, a realização de exames mamográficos gratuitamente para mulheres a partir dos 40 anos (QUARENTA, OK?) através do Sistema Único de Saúde . A idéia é conscientizar e alertar a população feminina para a importância da realização dos exames periódicos de rotina, e para a detecção precoce do câncer de mama, visando melhores resultados de tratamento e maiores índices de cura e sobrevida. Acredito que nos últimos anos a conscientização sobre o câncer, não só o de mama, mas a grande maioria, vem melhorando bastante. As pessoas têm procurado conhecer melhor seu corpo, buscado exames preventivos, mas ainda falta (muito!) melhorar seus hábitos de vida não só como prevenção mas como tratamento também. Afinal, mesmo quem está passando ou passou pela doença precisa entender que o câncer têm implicações pela obesidade, pelo sedentarismo, pela má alimentação. Além disso, cabe a nós, como cidadãos, entender e apoiar o que está acontecendo no mundo lá fora nas questões relacionadas ao câncer e seus direitos. Existem pessoas e grupos que se dedicam a isso, e movimentam reuniões, consultas públicas, abaixo-assinados, onde nós, pessoas comuns, podemos e devemos apoiar. Se a sociedade civil organizada não apoiar e se manifestar, não conseguiremos melhorar o atendimento de saúde, e em especial o oncológico, e isso é essencial. Em que ponto estamos hoje sobre algumas leis relativas ao câncer de mama?
  • Lei da Reconstrução Mamária: no sistema privado é tranquilo falar sobre isso... geralmente não temos problemas para conseguir a reconstrução mamária, tanto imediata quanto tardia. As vezes, entraves burocráticos sobre material, tempo para liberação, que isso pode acontecer, mas são em geral de fácil resolução. Mas e no SUS? Infelizmente, apenas 20% das mais de 90 mil mulheres que fizeram mastectomia (retirada total da glândula mamária) para tratamento do câncer de mama, entre os anos de 2008 e 2015 realizaram o procedimento de reconstrução mamária. Faltam serviços disponíveis, há problemas no SUS com licitação de materiais, e por aí vai... A primeira lei no SUS que dispõe sobre a reconstrução mamária data de 1999, porém não obrigava a ser imediata, sendo a primeira lei de reconstrução imediata de abril de 2013. A partir de 2018, a lei n° 13.770 garantiu também os procedimentos de simetrização e reconstrução do complexo aréolo-mamilar, isto é, todas as mulheres que realizaram cirurgia por câncer de mama têm também o direito de fazer a cirurgia reparadora das mamas com simetrização.
  • Lei dos 60 dias: esta lei NÃO é exclusiva do câncer de mama, mas se aplica a qualquer paciente com diagnóstico de neoplasia maligna. Ela estabelece que o primeiro tratamento oncológico no SUS deve se iniciar no prazo máximo de 60 dias a partir da assinatura do laudo patológico (laudo de biópsia) ou em prazo menor, conforme necessidade do caso. Preciso falar mais? Pesquisa da Fundação Laço Rosa mostra que o tempo médio das pacientes só entre consulta e diagnóstico é de 4 meses. Dados do Observatório de Oncologia também mostram que a gente precisa melhorar muito.
  • Lei dos 30 dias para o diagnóstico do câncer: relativa ao PL275/2015, a Lei 13.896/2019 estabelece que os exames necessários para a confirmação de diagnóstico de câncer sejam realizados no SUS em prazo máximo de 30 dias. A lei foi sancionada em 31 de outubro de 2019 pelo presidente da república em exercício, Antônio Hamilton Mourão, e no último dia 28 de abril de 2020 completaríamos os 180 dias para a regulamentação e funcionamento na prática. Estamos no aguardo!
Acredito que nos últimos anos a gente tenha melhorado muuuuito na conscientização sobre o câncer de mama, campanhas, mídia etc... Ainda falta muito! No Observatório de Oncologia, temos um panorama do câncer de mama no país dos últimos anos, dos serviços existentes e dos tratamentos no SUS, pesquisa realizada pelo nosso Grupo de Trabalho de Câncer Feminino do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer. Confiram lá, que está super completo! Beijos  
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