Exercício & COVID-19

O exercício pode não ser a preocupação principal pra muita gente nesse momento da pandemia. Mas você sabia que a atividade física pode ser uma ferramenta valiosa para auxiliar a controlar as infecções por COVID-19 e manter a qualidade de vida?

A atividade física ajuda a prevenir e tratar muitas condições de saúde, não só física mas também mental, melhorando o funcionamento de vários sistemas fisiológicos. E nesse momento do Coronavirus, existem algumas particularidades.

Primeiro, a atividade física tem o potencial de reduzir a gravidade das infecções por COVID-19. Isso pelo que acontece nos pulmões durante uma infecção. O sistema imunológico detecta o invasor do vírus nos pulmões e o ataca, e esse conflito cria inflamação. Essa inflamação causa danos ao tecido pulmonar que interferem na respiração e podem se tornar graves o suficiente para exigir intervenções, como a intubação e o uso de ventilação mecânica.

Como isso pode ser importante em relação a atividade física? Quando você está ativo, os músculos produzem substâncias que melhoram o funcionamento do sistema imunológico e reduzem a inflamação. Assim, a atividade física fortalece dois processos biológicos que reagem à infecção. Sabemos disto pois os efeitos do exercício sobre a imunidade, inflamação e infecções respiratórias virais estão bem documentados, apesar de não terem sido documentados em pacientes com COVID-19.

Como os músculos representam cerca de 30-40% do peso corporal, eles podem ser aliados no combate ao impacto da infecção, mas apenas quando os músculos estão sendo usados. Vale ressaltar que a atividade física de intensidade moderada, como caminhar, por exemplo, tem o melhor impacto, mas exercícios vigorosos, como correr uma maratona, reduzem temporariamente a imunidade. O aumento da atividade física para reduzir o número de pessoas infectadas que necessitem de hospitalização pode ajudar a reduzir a sobrecarga dos sistemas de saúde.

Segundo, a atividade física é eficaz para prevenir e tratar doenças crônicas, como cardiopatias, diabetes e diversos tipos de câncer, os quais aumentam o risco de doenças graves e morte entre os infectados pelo coronavírus. Embora a atividade física seja amplamente recomendada pelas autoridades de saúde, os esforços para promover mudanças do estilo de vida em geral são mínimos. Faz mais sentido ainda incentivar as pessoas, especialmente aquelas com condições crônicas, a serem moderadamente ativas antes de serem infectadas, de modo a reduzir a gravidade da doença caso ocorra a infecção. Como a atividade física tem efeitos imediatos na imunidade e na inflamação, da mesma maneira que tomar um medicamento diariamente, as pessoas podem reduzir o risco de infecções virais graves e o risco de várias doenças crônicas, simplesmente fazendo uma caminhada diária. Nunca é tarde demais para que as pessoas se beneficiem da realização de atividade física moderada.

Terceiro, os sintomas de estresse aumentarão. Pela pandemia, pela ameaça à saúde, por questões econômicas, perda de emprego, renda, pelo próprio isolamento. Ser fisicamente ativo tem importantes benefícios à saúde mental e incentivar as pessoas a serem ativas pode ajudar muitos a lidar com as questões emocionais também. A atividade física reduz os sintomas de depressão e ansiedade, portanto, pode funcionar como um antídoto ao estresse da pandemia. Pode funcionar para alguns como uma terapia. A atividade física mais comum é a caminhada, que é gratuita, acessível para a maioria das pessoas de todas as idades e em geral consegue manter o distanciamento social.

Quarto, a resposta do corpo ao estresse psicológico cria desequilíbrios entre o cortisol e outros hormônios que afetam negativamente o sistema imunológico e a inflamação. Equilibrar os níveis de cortisol significa beneficiar o sistema imunológico e a resposta a inflamação. As estratégias mais eficazes para melhorar o equilíbrio do cortisol são controle do estresse, por práticas diversas, como a meditação por exemplo, e a atividade física. Pessoas mais idosas alteram fisiologicamente o cortisol, e têm o sistema imunológico mais fraco, então nessa população, considerada de alto risco para a COVID-19, a atividade física pode ser particularmente importante.

As ações mais importantes agora, pensando na pandemia, são reduzir a disseminação do coronavírus através do distanciamento social, lavagem frequente das mãos e evitar tocar no rosto. No entanto, devido aos seus múltiplos benefícios, a atividade física não deve ser deixada de lado. Ser ativo é importante.

As pessoas precisam conhecer as ações que podem tomar para ajudar a reduzir o risco de infecções graves e reações estressantes à pandemia. Pessoas sedentárias apresentam risco maior de doenças relacionadas a inatividade, e questiona-se o impacto da atividade física regular na gravidade da doença entre infectados pelo coronavírus.

Há muitas evidências, em estudos com demais quadros infecciosos e avaliando sistema imunológico, que a atividade física moderada poderia contribuir para reduzir a gravidade da doença por COVID-19 e melhorar a qualidade de vida antes e após a infecção. Faltam estudos específicos em pacientes com COVID-19, até por ser um quadro recente.

Sejamos, no entanto, prudentes. Devemos encorajar a prática de atividade sempre, e neste momento da pandemia não seria diferente. Na medida do possível, o que você puder fazer em casa, faça. O fechamento de parques, academias e praias dificulta a atividade das pessoas. Pode ser necessário um monitoramento dos locais ao ar livre para garantir que as pessoas mantenham um distanciamento social seguro.

Segundo o Informe 4 da Sociedade Brasileira de Medicina e Esporte, a recomendação é que em localidades onde não haja proibição legal decretada por autoridade competente, a melhor recomendação é a realização individual da prática de atividade física e, de preferência, isoladamente, sempre evitando aglomerações e com o maior distanciamento social possível.

Muita gente nem imagina o potencial que o exercício tem de ajudar o sistema imunológico, em doses corretas, e sem exageros. Qualquer tipo de atividade moderada agradável, dentro ou fora de casa, é excelente para mente e corpo. Ir para uma caminhada ao ar livre pode ser um ponto alto do dia para milhões de pessoas, e pode nos ajudar a superar essa pandemia, preservando o máximo de qualidade de vida possível. Sem aglomerações. De preferência, sozinh@. De resto, se puder, fique em casa.

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